Os telemóveis estão tão presentes nas nossas vidas que nem pensamos na sua pegada ecológica, no seu impacto ambiental e mesmo no seu impacto social. Há cerca de um ano troquei o meu típico iPhone por um Fairphone – um telemóvel sustentável e durável. Assim, hoje venho falar-vos dos impactos dos nossos telemóveis no planeta e nas pessoas, e em como o Fairphone trabalha para combater estes impactos.

f a c t o s
- 1.4 biliões de telemóveis são vendidos todos os anos.
- O tempo médio de vida dos telefones é de cerca de 2 anos.
- Menos de 20% dos telemóveis produzidos são reciclados.
- Estima-se que, em 2040, as tecnologias de comunicação vão ser responsáveis por 14% da pegada ecológica global.
A maioria dos telemóveis sem uso acabam em aterros sanitários. Infelizmente, isto resulta em contaminação dos solos e cursos de água e, consequentemente em perdas de biodiversidade.
Inúmeros recursos são extraídos do meio ambiente para a produção dos componentes de cada smartphone. Minerais como lítio, ouro, prata, alumínio, tântalo e cobalto, além de metais raros, como a platina. Nem sempre esta extração é feita de forma sustentável.
Estudos indicam que as emissões da produção de um smartphone representam 85% a 95% do total de CO2 emitido pelo aparelho ao longo do seu tempo de vida (em média 2 anos), especialmente resultante da extração dos materiais raros que compõem o interior do telemóvel.




Porque estamos sempre a trocar de telemóvel?
- Obsolescência programada
Quando as empresas reduzem deliberadamente a vida útil de um produto, ou introduzem novas versões de produtos existentes, com o objetivo de gerar um aumento do volume de vendas. Os principais produtos alvo de obsolescência planeada são os equipamentos eletrónicos.
- Obsolescência percebida
Quando um produto ou serviço, que cumpre a sua função principal, passa a ser considerado obsoleto pelos consumidores devido ao aparecimento de uma nova versão, com estilo diferente ou com alguma alteração na sua linha de montagem.
Assim, esta estratégia promove o consumismo, pois induz-nos a comprar um produto novo em vez de consertarmos o que já temos. Para além disso, provoca um impacto ambiental significativo – resulta em acumulação de lixos, consumo de matérias-primas, consumo energético e emissão de poluentes que contaminam o ambiente.
Em contrapartida, o Fairphone é designed to open (“desenhado para ser aberto”). Ou seja, na caixa vem uma pequena chave de fendas para abrirmos e fecharmos o telemóvel quando necessário. No site da Fairphone, é possível comprar partes soltas – só a bateria, só a câmara, só a capa – para além disso, quando há updates nos componentes, podemos trocar só essa parte sem necessidade de descartar o nosso telemóvel que está ótimo, só porque saiu um melhor.
Por exemplo, quando comprei o Fairphone 3, a câmara – que é uma das coisas que eu considero mais importantes por adorar fotografar – tinha 12MP (trás) and 8MP (frente). Agora, foi lançado o Fairphone 3+, cujas câmaras têm 48MP (trás) e 16MP (frente). No entanto, em vez de comprar a nova versão completa quando o meu telemóvel está praticamente novo, posso adquirir apenas a câmara nova e eu mesma inseri-la no meu dispositivo.
Longevidade
Quanto mais tempo utilizamos um dispositivo, menor é a sua pegada ecológica. Um estudo pelo Fraunhofer Institute, revelou que utilizar um smartphone durante 5 a 7 anos pode reduzir as suas emissões entre 28% a 40%.
A Fairphone paga salários justos e garante condições de trabalho decentes e seguras. Para além disso formam parcerias com ONGs que estão no terreno para combater a exploração infantil, que é ainda muito comum nesta área.
Transporte
O sector dos transportes é um dos maiores contribuidores para as emissões de CO2. O transporte dos Fairphones da China, onde são produzidos, para o centro de distribuição nos países baixos são feitas de comboio, o que reduz as emissões em 87%.
Partes do telemóvel como a capa, as proteções e até a mini chave de fendas que acompanha o telemóvel são feitas de plástico reciclado. Assim, gera-se 5 a 10 vezes menos emissões de CO2 comparado com as partes produzidas com materiais novos.

- Sabias que...
- A reciclagem de 1 milhão telemóveis permite recuperar cerca de 22,7 kg de ouro, 249,5 kg de prata, 9,1 kg de paládio e 9.071 kg de cobre.
- Em Portugal, há 12,2 milhões de telemóveis esquecidos em gavetas ou prateleiras, sem qualquer uso ou novo destino.
- Portugal ocupa a sexta posição relativamente ao número de telemóveis descartados per capita, ou seja, sem que sejam reciclados, vendidos ou oferecidos: 1,19 telemóveis deixados na gaveta por habitante.
- O Japão lançou o desafio que as medalhas olímpicas de 2020 fossem feitas a partir de lixo tecnológico.
Como podes reciclar o teu telemóvel
Pontos de recolha: