Em 2015, na Conferência das Nações Unidas pelas Alterações Climáticas, 195 países do mundo juntaram-se para assinar um acordo que visa salvar o planeta das consequências devastadoras das alterações climáticas – o Acordo de Paris.
Quando pensamos na luta contra as alterações climáticas as primeiras imagens que nos surgem são das marchas em que milhares de estudantes têm participado nos últimos 2 anos – as “Sextas feiras pelo Futuro“. No entanto, a luta por um planeta mais verde começou há muitos anos.
Foi em 1965 que os cientistas do Comité de Aconselhamento Científico do Presidente dos Estados Unidos (US President’s Science Advisory Committee) mostraram preocupação relativamente aos efeitos dos gases de efeito de estufa pela primeira vez. Ainda assim, foi apenas em 1975 que o geo-cientista Wallace Broecker criou o termo “Aquecimento Global“.
Para além disso, o primeiro Earth Day (“Dia da Terra”) foi celebrado pela primeira vez nos Estados Unidos a 22 de Abril de 1970, mas foi apenas em 1979 a primeira Conferência Mundial sobre o Clima.
A luta contra as alterações climáticas, na verdade, já leva vários anos.

O nascimento do "aquecimento global"
(1965)
Quando cientistas dos EUA demonstraram, pela primeira vez, preocupação quanto aos gases de efeito de estufa.

Rio Earth Summit
(1992)
Primeira conferência internacional em que economia, clima e desenvolvimento internacional foram considerados como um todo.

Kyoto Protocol
(1997)
Primeiro acordo entre nações para uma redução de 5% das emissões de gases de efeito de estufa nos países industrialmente avançados.
O que é o Acordo de Paris?

Paris Climate Agreement
(2015)
O Acordo de Paris sobre as Alterações Climáticas é um tratado internacional criado em 2015 na Conferência das Nações Unidas pelas Alterações Climáticas, que ocorreu em Paris. Está em vigor desde dia 4 de Dezembro de 2016 e, em Dezembro desse ano, houve em Marraquexe a primeira sessão da Conferência das Partes.
- Este acordo é também conhecido como COP21 (Conference of the Parties) uma vez que foi a 21ª vez que ocorreu a Conferência das Nações Unidas pelas Alterações Climáticas.
Desde o início da Revolução Industrial, em 1880, que a temperatura média do planeta Terra tem vindo a subir, resultado das emissões de gases de efeito de estufa (GEE). Esta subida de temperatura tem causas negativas como o degelo dos pólos, a subida do nível do mar e consequente desaparecimento de inúmeras cidades, inundações e fogos florestais. Assim, se a temperatura média continuar a subir, as consequências serão devastadoras em todo o mundo, não só nos países que mais GEE emitem, mas também nos países pouco desenvolvidos que não têm as estruturas necessárias para responder a estas catástrofes naturais.
- Principais objetivos do Acordo de Paris



Até hoje, este acordo foi assinado por todos os 197 países do mundo. Ainda assim, 4 de Novembro de 2020, sob ordem de Donald Trump, os Estados Unidos abandonaram o Acordo de Paris – tornando-se assim o único país a não fazer parte. Felizmente, Joe Biden cumpriu a promessa que fez durante a sua campanha: assinar o acordo de novo no seu primeiro dia na Casa Branca – hoje, finalmente, os USA estão de volta ao Acordo de Paris.
- Há duas datas que devemos memorizar:
2030
Data em que deveremos ter reduzido as nossas emissões globais de gases com efeito de estufa em, pelo menos, 50% com o objetivo de salvaguardar a Humanidade dos piores impactos.
2050
Em 2050 o mais tardar – de preferência, em 2040 – deveremos ter deixado de emitir mais gases com efeito de estufa do que aqueles que a Terra consegue, de forma natural, absorver através dos seus ecossistemas.
Portugal no Acordo de Paris
Inegavelmente, Portugal é um dos países Europeus mais afetados pelas alterações climáticas. Os efeitos das alterações climáticas incluem o aumento da temperatura, a alteração dos padrões de precipitação, a subida do nível médio do mar e fenómenos meteorológicos extremos, que acentuam as pressões sobre o litoral, os riscos de incêndio, de seca e de inundações.
Assim, em Marraquexe, na primeira sessão da Conferência das Partes, Portugal anunciou que cumpriria o objetivo da neutralidade carbónica até 2050. Foi a primeira nação do mundo a assumir este compromisso. Segundo o Programa Nacional para as Alterações Climáticas 2020/2030, Portugal pretende assegurar uma trajetória sustentável de redução das emissões de GEE de forma a alcançar, em relação a 2005, uma meta de -18% a -23% em 2020 e de -30% a -40% em 2030.
- Transportes e mobilidade
- Transporte público de passageiros: +20% em Lisboa e +17% no Porto;
- Mais 450kms de vias cicláveis e mais 2500 bicicletas partilhadas U-Bike;
- 23 491 Ligeiros de passageiros 100% Elétricos (em Set. 2020);
- Emissões dos transportes baixaram de 20 000 toneladas CO2eq para 18 000 toneladas CO2eq.
- Energia
- Fim da produção de eletricidade a partir do carvão;
- Fontes de energia renovável na produção de eletricidade: 57,5 % (em Set. 2020);
- Mais 2231MW de Capacidade Renovável (14 504 MW em Set. 2020).
- Agricultura e Floresta
- Área total de gestão de combustível: + 91.052 ha (2018 – 2020)
- Paisagem Protegida da Serra do Açor e Parque Natural do Tejo Internacional: 715 ha
- Adaptação
- Planos ou estratégias de adaptação em 100% do território nacional;
- + 66kms da linha de costa intervencionada;
- 1000kms de ribeiras recuperadas;
- Metas ambiciosas para a neutralidade carbónica em 2050
- -55% de emissões em 2030
- 80% de Renováveis na eletricidade
- 35% de eficiência energética
- 5% Hidrogénio no consumo final de energia

Palavras-chave que deves entender:
O efeito de estufa é um fenómeno natural benéfico. Ocorre quando certos gases presentes na atmosfera retêm parte da radiação térmica emitida pela superfície terrestre depois de ter sido aquecida pelo sol. Isto permite que a temperatura do planeta se mantenha a um nível adequado para o desenvolvimento da vida.
Os comportamentos humanos têm vindo a aumentar a presença dos gases de efeito de estufa na atmosfera – principalmente, dióxido de carbono e metano. Este aumento resulta numa subida da temperatura do planeta, ou seja, no Aquecimento Global.
Modelo de desenvolvimento que permite satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações satisfazerem as suas próprias necessidades.
Consiste no valor nulo de emissões líquidas de gases com efeito de estufa, tendo em conta o total de emissões. Chama-se sumidouro de carbono a qualquer sistema que absorva mais carbono do que aquele que emite. Os principais sumidouros naturais de carbono são o solo, as florestas e os oceanos.
Quando falamos de gases com efeito de estufa, focamo-nos no CO2, no entanto, existem outros GEE como o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O). Assim, o conceito de CO2 Equivalente surgiu para representar todos os gases do efeito estufa numa única unidade. No fundo, é a representação dos demais gases de efeito estufa na forma de CO2.