Uma caderneta sustentável? O que é isso? Vamos ter cromos físicos? Não, descansem. Trata-se da nova rúbrica do Reciclar Não Chega!
Assim, numa altura em que estamos em confinamento, pretendemos alertar-te para a necessidade de, também neste período, não te esqueceres de que é necessário atuar. Neste sentido, convidámos alguns influenciadores e marcas a dar o testemunho, mostrando-nos que a mudança não é assim tão difícil.
Seja através da redução do nosso consumo, da alimentação, do apoio à economia circular ou, simplesmente, mostrando à nossa rede o que tem vindo a acontecer naquele que é o NOSSO Planeta.
A convidada de hoje é a Sabrina Coutinho mais conhecida pela sua página de Instagram Veggie Saab. Querem conhecê-la?
Caderneta Sustentável I Especial Confinamento (5)

1. Quem é a Sabrina Coutinho?
Sou uma jovem de 20 anos, estudante de ciências políticas e relações internacionais, com uma paixão pela cozinha e pela sustentabilidade.
2. Como surgiu a ideia de lançar o teu Instagram Cozinha da Saab?
Bem a ideia de criar a minha pagina de Instagram surgiu porque, desde que me tornei vegetariana, passei a consumir muito este tipo de conteúdo nas redes sociais onde pude aprender imenso sobre o assunto, e achei que podia adicionar o meu contributo.
Assim, o meu objetivo é tentar ajudar quem queira adotar este estilo de vida e mostrar o quão fácil e acessível é ser vegetariano/vegan.
3. Sabemos que um dos pontos importantes para uma vida mais sustentável é ter uma alimentação plant based. Qual consideras que é o passo mais simples e/ou importante para deixar de consumir alimentos de origem animal?
A meu ver, para fazer qualquer mudança na nossa alimentação é preciso ter uma motivação bastante forte, para que esta seja feita de forma sustentada.
Para mim, a primeira coisa que me fez querer alterar a minha alimentação era a intenção de tentar reduzir a minha pegada no meio ambiente. Como a carne é o alimento com uma pegada ecológica mais significativa, acho que deve ser o primeiro passo neste processo.
Em 2021 ja é muito mais simples encontrar excelentes alternativas à carne que podem tornar esta transição muito mais fácil e deliciosa.
4. Se tivesses de sugerir uma receita vegan para alguém que não estivesse habituado, qual o prato que apresentarias e porquê?
Sempre que tenho de cozinhar para omnívoros tento ter em atenção não usar ingredientes e sabores muito diferentes dos que possam estar habituados e que possam não gostar.
Nestes casos, gosto de apostar em receitas mais básicas e que toda a gente costuma apreciar. Por exemplo, tento veganizar receitas muito conhecidas como bolonhesa ou lasanha. Nestas receitas basta substituir a carne por lentilhas ou alternativas vegan à carne picada que ja existem no mercado.
Com os temperos certos e uma boa receita, às vezes torna-se difícil descobrir que um prato é vegan. Acredito muito na ideia de que é possível conquistar corações e despertar a mudança através do paladar.
5. Alguns jovens gostariam de ter uma alimentação mais plant based. No entanto os pais acabam por ser um entrave tendo em conta o seu desconhecimento na matéria.
Como foi a aceitação dos teus pais quando te decidiste tornar vegana?
Neste ponto considero-me bastante sortuda porque os meus pais deixaram-me tomar as minhas decisões e sempre me apoiaram.
Inicialmente acharam que estava louca e que não iria durar muito tempo, acharam que era só mais uma moda que ia passar. Acho que esta resistência inicial não era por mal, mas apenas porque queriam o meu bem e porque achavam que se não tivesse uma alimentação omnívora ia ficar doente.
No entanto, com o tempo eles tornaram-se mais receptivos e perceberam que isto não ia “passar”. A partir dai começaram a tentar ajudar-me mais e a aprender também a cozinhar refeições vegetarianas.
Hoje em dia, depois de quase 4 anos, ja é um habito, ja é o normal cá em casa. Sou eu que cozinho a maioria das vezes para eles, e eles adoram embora não
sejam totalmente vegetarianos.
6. Ainda te lembras dos comentários dos teus pais em relação à primeira refeição de origem vegetal que lhes preparaste?
Por acaso não me lembro, mas suponho que tenha sido algo do género: “que horror, essa coisa do tofu sabe a esponja”.
Claro que ao início os meus cozinhados não eram nada de jeito, até porque pouco sabia de cozinha.
Por exemplo, posso dizer que demorei mais ou menos 1 ano a perceber como se cozinhava tofu, de modo a que ficasse comestível.
Como tudo na vida, é preciso treinar e treinar para que as coisas comecem a sair bem. Basta continuar a persistir e a aprender, sem desistir ao primeiro obstáculo.
7. Costumas fazer compras a granel? Se sim, qual o teu feedback?
Bem em relação a compras a granel, na minha zona (Tomar) existem opções muito limitadas, comparando por exemplo com Lisboa. O que costumo fazer para reduzir a minha pegada ecológica é:
- Levar sempre os meus sacos de pano reutilizáveis quando vou comprar frutas e legumes;
- Evitar os sacos de plástico descartáveis.
- Visitar o mercado municipal, onde existem mais opções a granel (exemplo: frutos secos e sementes);
- Levo saquinhos de pano ou caixas de plástico reutilizáveis para comprar exatamente a quantidade de que realmente preciso.
- No supermercado o que não consigo encontrar sem embalagem tento sempre prioritizar embalagens em alumínio ou vidro, sendo estas melhores opções do que o plástico.
8. Se pudesses mudar uma coisa no mundo com um impacto ambiental positivo, o que farias?
Se pudesse mudava a ideia enraizada que determinados animais apenas estão neste mundo para nos servir, e dai serem vistos como bens com valor comercial, e todas as consequências ambientais que esta ideia acarreta.
9. Qual o feedback que tens recebido por parte dos teus seguidores na tua página Cozinha da Saab?
Tenho o orgulho de puder dizer que tenho recebido um ótimo feedback na minha pagina. Ainda é uma comunidade pequenina, mas recebo imenso apoio e encorajamento para continuar. Grande parte dos meus seguidores não são vegetarianos nem vegan, mas só o facto de me seguirem indica que estão abertos à mudança e que querem ter um impacto positivo. E é isto que motiva o meu trabalho.
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