ESTIMA-SE QUE, TODOS OS ANOS, OS OCEANOS SEJAM POLUÍDOS COM CERCA DE 4,8 MILHOES A 12,7 MILHÕES DE TONELADAS DE PLÁSTICOS.

O que é a Eco-Ansiedade?

eco ansiedade

Portugal está em risco elevado de escassez de água“, “A região mediterrânica está a tornar-se mais árida e, por conseguinte, mais vulnerável a secas e incêndios florestais“, “Chuvas torrenciais, secas prolongadas, ondas de calor, tornados e outros fenómenos meteorológicos extremos são cada vez mais frequentes”, “Poluição do ar em Portugal provoca em média seis mil mortes por ano“, “As calotes polares e os glaciares estão a derreter mais depressa do que o esperado”. Se estas notícias te deixam preocupado e sem saber o que fazer, poderás estar a sentir Eco-Ansiedade

O que é a Eco Ansiedade?

A Eco – Ansiedade não é considerada uma doença. Não é o mesmo que ansiedade clínica pois geralmente não é acompanhada nem medicada, mas pode ser igualmente stressante para quem a sente. Com o aumento das alterações climáticas e dos desastres ambientais por elas causados, cada vez mais pessoas sofrem deste problema, e há já estudos pioneiros que mostram o aumento destes números, nomeadamente um realizado pela Associação Americana de Psicologia

Embora Eco – Ansiedade seja um termo relativamente recente, a relação entre saúde mental e alterações climáticas já é estudada há bastantes anos, nomeadamente pelo filósofo Glenn Albrecht que criou o conceito de Solastalgia – “o conjunto de distúrbios psicológicos que ocorrem numa população após mudanças destrutivas no seu território, sejam decorrentes das atividades humanas ou do clima”.

Eco - Ansiedade

Solastalgia

Causas

eco ansiedade

Como afeta as pessoas?

Alguns dos sintomas que podem surgir (sendo que cada pessoa é única e a eco-ansiedade pode fazer-se sentir de forma diferente em cada caso) :

Stress, depressão, ansiedade e sentimento de perda;

Tensão nas relações sociais.

Alterações no estado físico e nível de atividade;

Aumento de alergias e maior exposição a doenças transmitidas pela água.

Aumento da violência e criminalidade;

Redução da coesão e da estabilidade social.

 

O meu testemunho

Há poucos sítios que me façam sentir verdadeiramente feliz e calma, mas uma floresta verde, onde os raios de sol cortam pelos ramos das árvores, onde se ouvem os riachos a correr e os passarinhos a cantar é sem dúvida um deles. Cresci a fazer caminhadas e passeios de btt na natureza, e por isso me sinto tão em sintonia com ela. Quando vejo notícias sobre desastres ambientais e percebo que nós, humanos, estamos a destruir o nosso planeta, os sentimentos de culpa e impotência vêm à deriva e nem sempre é fácil lutar contra eles.

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Apesar de ser uma pessoa geralmente positiva, o facto de estar a estudar o mestrado em Desenvolvimento Sustentável faz com que veja em primeira mão o impacto das alterações climáticas no nosso planeta e na nossa saúde. No entanto, também aprendo como podemos alterar o nosso comportamento e com isso trazer mudanças positivas e ter esperança de um mundo mais verde e sustentável.

O tema da escassez de água é o que me tem vindo a preocupar mais. Pela sua localização, segundo o World Resources Institute, Portugal está em risco de escassez de água até 2040. Isto significa que poderemos ter de viver com 25 litros de água por dia, por pessoa. Neste momento, segundo as Águas de Portugal, cada pessoa gasta cerca de 187 litros de água por dia e, de acordo com a Nações Unidas, um ser humano precisa de 110 litros de água por dia para viver. Estes são valores que me assustam bastante. Podiam ser inventados mas vêm de fontes de confiança, pelo que não os consigo ignorar.

No meu dia a dia tento manter-me informada sobre os temas que mais me preocupam para saber de que forma poderei contribuir positivamente. Faço por inspirar as pessoas a serem mais sustentáveis e a acreditarem que é possível mudarmos o mundo passinho a passinho. 

Terminei recentemente de ler o livro “O futuro que escolhermos – Como sobreviver à crise climática”, escrito por Christiana Figueres e Tom Rivett-Carnac. Christiana e Tom foram dois dos principais criadores do Acordo de Paris, assinado em 2015 – um compromisso internacional discutido entre 195 países com o objetivo de minimizar as consequências do aquecimento global. Neste livro, apresentam-nos dois mundos:

– “O mundo que estamos a criar” – em que nos apresentam o mundo em 2050 caso não alteremos os nossos comportamentos face às alterações climáticas. Um cenário assustador no qual não quero viver.

– “O mundo que precisamos de criar” – em que nos mostram como será a vida na Terra em 2050 caso tomemos medidas hoje e agora de forma a reduzir as emissões de CO2. Um cenário ainda assim assustador, mas muito mais verde, mais positivo, e que me deixou com uma réstia de esperança.

Ler este livro deixou a minha Eco- Ansiedade numa corda bamba – ora calma, porque ainda há uma luz ao fundo do túnel se tomarmos medidas já, ora stressada, porque se não agirmos rápido, o futuro que se avizinha não vai ser agradável.

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Como combater a Eco - Ansiedade

Como disse Anne-Marie Bonneau, “Não precisamos de meia dúzia de pessoas a praticar zero desperdício de uma forma perfeita, precisamos de milhões a fazê-lo de forma imperfeita!”. Todos os pequenos passos que damos contribuem para um mundo mais sustentável, mesmo que nos pareçam insignificantes. Inspira-te nas pessoas à tua volta, mas não sintas que estás a fazer pouco comparado com os outros. O importante é agir!

Se leres uma notícia negativa sobre algum assunto que te sobressalta, verifica primeiro em fontes de confiança se a informação é verdadeira e atual. Nas redes sociais, verifica se a pessoa que escreveu partilhou as origens da informação e se são fidedignas. Por vezes é positivo não ver notícias todos os dias, pois pode ser esmagador. Mantém-te informado, mas não te sobrecarregues com informações negativas.

Quem sente Eco-Ansiedade, muitas vezes sente-o por acreditar que o que está a fazer não é suficiente porque “sou só uma pessoa”. Segue pessoas nas redes sociais que falam sobre sustentabilidade e partilha as mudanças que tens feito. Vais aprender muitas coisas e perceber que há uma comunidade de pessoas que se sente como tu e que não és o único que quer lutar por um mundo mais verde e sustentável.

Não tentes fazer todas as mudanças que gostarias do dia para a noite. Como seres humanos somos animais de hábitos e por isso, muitas vezes precisamos que certas atitudes entrem na rotina. Escolhe mudanças que sejam simples e realistas para o teu dia a dia e vai implementando a cada semana ou a casa três dias. Aos poucos vai sendo tudo automático.

Quando nos sentimos sozinhos torna-se mais difícil processarmos algumas informações. E por isso é muito importante partilharmos o que nos vai na alma quando nos sentimos ansiosos. Muitas pessoas sentem o mesmo que nós, e nada como ouvir um “eu entendo-te”.

A natureza tem uma forma especial de curar a nossa tristeza. Passeia por um parque verde, senta-te na areia a ouvir as ondas do mar, passa tempo numa floresta, visita o jardim botânico da tua cidade. As cores, os cheiros e os sons da natureza ajudam a acalmar e a perceber o quão importante é protegê-la. 

Falar de sustentabilidade e o caminho para uma vida sustentável não tem de ser aborrecido ou difícil. Todos temos o nosso ritmo e a nossa forma de reagir ao que acontece à nossa volta. O importante é agirmos, passo a passo, e a verdadeira mudança acontecerá! 

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The truth is: the natural world is changing. And we are totally dependent on that world. It provides our food, water and air. It is the most precious thing we have and we need to defend it.

David Attenborough